Gestão Integrada de Paisagens

Cada paisagem terrestre, paisagem marinha, bacia hidrográfica, território ou jurisdição é única. Todas elas, porém, enfrentam desafios comuns na implementação de ações colaborativas. O termo “paisagem” descreve um local definido pelos limites do ecossistema (uma bacia hidrográfica, uma floresta) e/ou limites políticos (província, estado, condado), o que inclui toda a gama de atividades humanas e naturais.

A abordagem de paisagem busca se afastar da abordagem setorial de manejo da terra, que costuma ser insustentável, e tem como objetivo atender às necessidades locais e, ao mesmo tempo, levar em conta objetivos e resultados importantes para as partes interessadas situadas fora da paisagem, como governos nacionais e a comunidade internacional.

A gestão integrada de paisagens (GIP) é um caminho para promover paisagens prósperas para todos. Para tornar o processo mais simples, eficaz e inclusivo, a iniciativa 1000L oferece o Guia Prático para a Gestão Integrada de Paisagens em português, o esta versión interactiva en inglés. que apresenta um processo conceitual genérico e localmente adaptável e orientações práticas para assegurar a eficácia da GIP. O guia destina-se a coordenadores, facilitadores, líderes, membros e apoiadores de alianças de paisagens.

Visão compartilhada para paisagens prósperas

Ao se unir por meio de alianças de paisagem de longo prazo, a população e as comunidades locais podem se conectar com governos, políticas, movimentos sociais, mercados e instituições financeiras e influenciá-los, contribuindo para a implementação de soluções sistêmicas em prol da consecução de objetivos locais e globais.

QUEM:
Todas as partes interessadas na paisagem trabalham juntas em uma aliança de paisagem.

O QUÊ:
Obter benefícios críticos de sua paisagem: inspiração para a próxima geração,
bem-estar humano, natureza saudável e economia regenerativa.

QUANDO:
Agir agora, mas com uma visão e compromisso geracionais.

COMO:
Desenhar estratégias que vinculem as áreas dentro de uma paisagem com três finalidades: habitats naturais; produção regenerativa e uso da terra; e assentamentos, infraestrutura e indústria mais sustentáveis.

A implementação se dá por meio de cinco elementos da gestão integrada de paisagens:

Gestão Integrada de Paisagens
  • Aliança de paisagem: criar uma coalizão robusta e duradoura de organizações da paisagem provenientes de diversos setores e comunidades.
  • Entendimento comum: desenvolver um entendimento comum da situação da paisagem, das tendências e das previsões, bem como dos interesses mútuos.
  • Visão e planejamento: estabelecer uma estratégia e visão inspiradora de longo prazo, avaliar opções e desenvolver planos de ação com orientação espacial.
  • Ações concretas: coordenar esforços, desenvolver e financiar uma carteira integrada de investimentos na paisagem e monitorar e informar sobre a implementação.
  • Aprendizagem e impacto: mensurar os impactos na paisagem, capturar as lições aprendidas e usá-las para ajustar a estratégia e o plano de ação para a paisagem.
landscape partnership

Aliança de paisagem

Alianças de paisagem (APs) são grupos formais que reúnem diferentes partes interessadas para abordar os desafios e oportunidades da paisagem. Em geral, as APs se organizam para resolver conflitos em torno do acesso a recursos e melhorar a democratização (por exemplo, fortalecer a voz de grupos minoritários).

As APs criam um espaço para que as partes interessadas compartilhem informações, desenvolvam um entendimento comum dos problemas e oportunidades, negociem os resultados desejados, desenvolvam estratégias e planos em bases colaborativas e coordenem ações para gerir os recursos da paisagem de forma sustentável. As APs podem ajudar a gerar confiança entre as diferentes partes interessadas, corrigir desequilíbrios de poder e facilitar o aprendizado colaborativo. Essas mudanças, por sua vez, reduzem os riscos para investidores em potencial.

A facilitação de alianças de paisagem tem como objetivo gerar a confiança e o propósito comum necessários entre diferentes partes interessadas e lideranças para que esses atores planejem e administrem uma paisagem integrada.

Entendimento comum

Os diferentes grupos de partes interessadas de uma paisagem que participam da GIP geralmente trazem diferentes perspectivas baseadas em suas próprias experiências, valores, observações e conhecimentos. Antes de começarem a negociar, acordar e implementar os planos de gestão colaborativa da paisagem, esses atores precisam ter conhecimentos e informações suficientes sobre a paisagem como um todo para que possam tomar decisões bem fundamentadas. Isso inclui a compreensão do contexto mais amplo de suas próprias ações e dos interesses, necessidades e capacidades de outras partes interessadas.

Compreender a paisagem significa dar sentido às relações espaciais que ocorrem em seu interior – por exemplo, como a gestão de recursos em áreas montanhosas afeta o fluxo e a qualidade da água a jusante. Significa também conhecer as razões que levaram a mudanças históricas na paisagem (por exemplo, alta taxa de desmatamento devido à alta demanda por madeira), o contexto ecológico (por exemplo, a gama de bens e serviços ecossistêmicos produzidos na paisagem), o histórico da atividade agrícola e do uso extrativo da terra e a situação socioeconômica e política (ou seja, principais fontes de renda de diferentes grupos, regras existentes de posse de recursos, padrões de migração, etc.).

Visão e planejamento

A criação da visão e o planejamento são esforços colaborativos destinados a traçar o futuro desejado e formular um plano para a implementação da gestão integrada da paisagem no longo prazo. As partes interessadas negociam e definem formas de trabalhar em conjunto para solucionar os problemas identificados e suas principais causas e aproveitar as oportunidades latentes na paisagem. Para garantir que tudo corra bem, é necessário um processo contínuo de “detecção do local”, com visitas de campo e planejamento espacial com todas as partes interessadas. Uma função fundamental dos facilitadores das APs é promover negociações, subsidiadas pela base de evidências acordada e pelas análises compartilhadas de barreiras e oportunidades, e garantir que, a despeito das diferenças de poder, todas as partes interessadas sejam ouvidas.

Ações concretas

Para garantir a implementação efetiva do plano de ação intersetorial, a AP deve exercer uma liderança proativa para vincular as ações desejadas aos recursos financeiros e humanos necessários. Como algumas ações podem levar anos até gerar os resultados esperados, o que pode enfraquecer a dinâmica de ampliação das iniciativas, são necessários esforços no sentido de manter a atenção das partes interessadas e o ímpeto e, ao mesmo tempo, oferecer apoio para fortalecer os laços e compromissos entre esses atores. Além disso, é preciso monitorar as ações durante o seu processo de planejamento e execução e pode ser necessário implementar mecanismos de coordenação para maximizar as sinergias, mitigar demandas conflitantes e mediar conflitos. É fundamental contar com estratégias robustas de comunicação interna e externa e liderança compartilhada para promover a implementação e influenciar políticas viabilizadoras e o desenvolvimento do mercado.

Aprendizagem e impacto

A gestão integrada de paisagens exige sistemas práticos e transparentes de monitoramento das lições aprendidas e do impacto para avaliar o progresso obtido na concretização da visão de longo prazo e na implementação dos objetivos de curto prazo da aliança de paisagem. Para isso, é necessário avaliar os múltiplos objetivos dos planos de ação em relação aos indicadores acordados que representam as principais dimensões da paisagem com o objetivo de determinar os impactos holísticos no nível da paisagem. A avaliação do impacto no nível da paisagem ajuda a promover a aprendizagem contínua sobre formas de maximizar a eficácia de diferentes intervenções de gestão. As lições aprendidas com as avaliações contínuas de impacto contribuem para as evidências necessárias para o fortalecimento ou replicação de iniciativas da paisagem. Elas podem demonstrar aos formuladores de políticas e outros atores como a gestão integrada de paisagens pode ser mais benéfica e econômica do que as abordagens setoriais convencionais – fator essencial para gerar impacto em grande escala.

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